quinta-feira, 8 de março de 2012

O Surgimento do Bairro de Itinga


A área da Itinga tem pelo menos mais de dois séculos e meio com esse nome, o mesmo dado anteriormente pelos índios Tupinambás que aqui habitavam antes da chegada dos portugueses, sendo, portanto os primeiros habitantes. O nome Itinga foi dedicado ao rio que corta a localidade, sua origem é indígena e significa Água branca ou Água clara, devido as suas águas límpidas e cristalinas.
Por volta do século XVI Garcia d’Ávila recebeu de Tomé de Souza em 1552, lotes de terra no litoral baiano. Nessa localidade foi instalada uma missão jesuíta que deu origem a freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, isso aconteceu em 1758, com o apoio da familia d’Ávila proprietário da Casa de Torre, também referida como Castelo de Garcia D`Ávila. Em alvenaria de pedra e cal, tinha a função de vigiar o sertão por um lado, resistindo aos ataques dos indígenas revoltados e o mar pelo outro, resistindo aos corsários que então procediam no litoral.
A revolta dos índios Tupinambás estava associado ao desejo dos portugueses em "organizar" os índios, trazê-los para a verdadeira fé cristã, para que assim, costumes como a poligamia, a antropofagia, o andar sem roupas, dentre outros, fosses extirpados. Para os portugueses estes nativos não adoravam nenhum Deus, dizia ele: "são como papel branco, onde podemos escrever à vontade", eram os tupinambás.
Reconhecendo as sérias dificuldades em "converter" os tupinambás ao cristianismo católico, e com a resistência dos índios quanto a exploração de força de trabalho, e a imposição dos costumes os portugueses sentiram a necessidade de buscar novas alternativas de força de trabalho para os engenhos, optando assim por trazer negros de varias partes do continente Africano, afim de utilizar da sua força de trabalho através da escravidão.
Durante o século XX, existia na região da Itinga, uma fazenda conhecida como “Jaqueira”. Herança de família pertencente ao Senhor Da Hora e seu irmão Antônio Pedro, dividida e explorada pelos tios, filhos, netos, bisnetos e tataranetos, e em parte também pertenciam o exército.
Os donos da fazenda viram a mudança da região, que na época era uma mata com trilhas onde as pessoas faziam o caminho de São Cristovão até Itinga. Os moradores atravessavam o rio por uma ponte feita de poste de ferro, onde as mulheres lavavam roupas, carregavam água para beber e cozinhar.   
Em 1940, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, com o início da construção da Base Aérea e do aeroporto, é que se vê alterar mais um pouco o ritmo local, quando o então sub-distrito passa a receber gente vinda de várias partes para trabalhar nas obras.  Acabando por serem absorvidas como funcionários da Base Área, aeroporto e da “Malária”, convocada pela própria Base, para erradicar os focos de mosquitos que proliferavam nas águas estagnadas do Rio Ipitanga.
Esse significativo aumento populacional provocaria consequente aumento da necessidade por serviços, desencadeando, na década de 50, o movimento pela Emancipação Municipal, que se consolidaria no início da década seguinte.
Em 1970 foi fundado o bairro de Itinga oficialmente, e tudo começou a crescer, se transformar em loteamentos identificados por pessoas que moravam ou tinham alguma ligação com o local, como, por exemplo, o Largo do Caranguejo. O nome foi dado porque existia um senhor, que saía do Nordeste de Amaralina para vender caranguejo naquele lugar. Como antigamente, até hoje é ponto de referência do bairro, um marco que atualmente é uma praça utilizada para eventos.
Em meados da década de setenta, a ponte feita de poste de ferro que servia para os moradores atravessar o rio, onde as mulheres lavavam roupas, carregavam água para beber e cozinhar, foi substituída por uma ponte de madeira o que possibilitou a passagem de jipe ou Kombi que levavam as pessoas ate as suas moradas.
Nesse período os morados perceberam a necessidade de criar um comércio local para maior conforto, deixar de ir para São Cristovão e começar a viver daquilo que a terra produzia. Então, o homem que vendia caranguejo veio morar definitivamente no bairro e investir em mercearia, lanchonete, supermercado, etc.
Senhor Da Hora e seu irmão também contribuíram para o crescimento comercial, vendendo frutas, farinha e outros alimentos originados do sítio; daí, a Itinga começou a ganhar cara de bairro de Lauro de Freitas.
Nos anos oitenta, ruas foram asfaltadas, ônibus fazendo linha para o centro da cidade de Salvador e transportes para Lauro de Freitas facilitaram e contribuíram muito para o desenvolvimento comercial do bairro, que hoje conta com uma infraestrutura com tendências a evoluir cada dia mais.
Como conseqüência da evolução da cidade, vemos a exploração demográfica e empresarial acontecer mais freneticamente em áreas ate pouco tempo praticamente despovoadas, aumentando assim a fúria mobiliária da cidade crescendo assustadoramente para todos os lados, fazendo desaparecer os últimos espaços ainda restantes da Mata Atlântica e áreas remanescentes de “Comunidades Quilombolas”.

10 comentários:

  1. Parabéns pelo belíssimo trabalho, Viviane! Nós, itiguenses, sabemos o quanto esse resgate cultural e histórico contribui para o crescimento e valorização do nosso bairro.

    Bjs

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    1. É verdade Liliane, esse resgate é realmente muito valioso mesmo! eu tenho muito orgulho de minha cidade e de meu querido bairro!
      Obrigada pelo comentário!
      Bjs

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  2. sou obrigado a escrever seu texto gigante




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  3. voces falaram mas esqueceram de registrar uma figura importante no bairro de itinga, que foi o senhor pedro amador de santana, proprietario da antiga fazenda jaqueira, resolveu lotear as terras que hoje é o maior loteamento do bairro. Infelizmente, foi esquecido.

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  4. lotesamento jardim centenario, maior loteamento do bairro, antiga fazenda jaqueira.

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  5. http://sedur.laurodefreitas.ba.gov.br/documentos/loteamentos/pasta12_loteamento_jardim_centenario_desmembramento.pdf

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  6. Que benção o bairro de vcs, parabéns

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